CHAMADAS ABERTAS 

A UnderCommons Press convida artigos para três publicações para a revista Living Commons Collective (descrições abaixo).

Editores: Denise Ferreira da Silva e Pedro Daher

Ensaios acadêmicos devem ser entre 4,000 e 7,000 mil palavras. Poesia e diversas expressões artísticas são especialmente bem-vindas.

Idiomas: Espanhol, Francês, Inglês e Português

Por favor, envie materiais para: livingcommonscollective@gmail.com

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A estrada rumo à sabedoria: manifestando o sagrado em direção à justiça

The Living Commons Collective Magazine, N.3

“Foram sete anos entre incertezas e recomeços até que ela sentisse o poder da revelação inicial recebida naquele lugar chamado Londres; e levaria ainda mais tempo até que ela tivesse fé nesta revelação, para entender que as respostas precisavam vir de uma fonte diferente das quais ela tinha dominado através dos livros; para começar a sentir a diferença entre conhecimento e sabedoria — um poderia lhe salvar no reino dos mortos, o outro apenas lhe conferiria status temporário no reino dos vivos... até ela entender que, com atenção carinhosa e concentrada e serviço contemplativo, o Divino se manifestaria. A resposta para muitas coisas estava nas suas mãos, nas suas próprias mãos.”— Kitsimba in Pedagogies of Crossing, by M. Jacqui Alexander

O sagrado é simultaneamente nosso-meu. Recusa-se a diferenciar, separar, distinguir. Nos encoraja a aprender a escutar para que sigamos nosso caminho, jornada, dharma; a expressar precisamente o que viemos, o que escolhemos, o que decidimos manifestar. Essa edição da Living Commons Magazine deseja explorar o papel que a sabedoria e o sagrado tiveram e continuam a ter para indivíduos, coletivos e povos ao redor do mundo. Partindo dos ensinamentos de Thich Nhat Han e irmã Chan Khong, Kitsimba, Kehinde, e David Kopenawa, Queen Nanny of the Maroons e Ram Dass, entre mais diversas pessoas, essa edição sugere e acolhe perguntas como (sem se limitar a elas): como a sabedoria pode influenciar o conhecimento para que o segundo entre em sintonia com os mundos humanos e mais-que-humanos? Qual é o papel do sagrado na luta pela justiça? Como os trabalhos em relação a lembrar, honrar, memoriar e ao coletivo estão entrelaçados? O que o sagrado permite ao ‘eu’ (self) no que diz respeito à cura, recuperação e reestabelecer a força interior?

Explorações Radicais Negras: Tempos & Sensos de Futuro

Chamada de artigos: The Living Commons Collective Magazine, N.4

E se o que está por vir, o que vem a seguir, não for um ponto na definitiva linha reta do tempo? E se o futuro for simplesmente composto por essas possibilidades indefinidas, incontáveis e sem nome, indescritíveis e mensuráveis, oferecidas por cada prática de autodefesa e fugacidade que explicam como pessoas e populações negras ainda existem neste mundo após séculos sob a ameaça da e experenciando a violência total? Com o intuito de centralizar esse aspecto da experiência negra nas Américas e no Caribe, convidamos artistas, acadêmicos, curadores e educadores de arte a contribuir para essa edição especial e considerar e experimentar com as seguintes questões: e se levássemos a sério a possibilidade de que este mundo, assim como o conhecemos, possa (estar chegando) ao fim? E se considerássemos que isso pode ser resultado tanto de devastações ecológicas e sociais quanto de propostas e programas radicais para outro mundo, um mundo melhor, seja ele como for? Tememos a perda deste mundo. Porém, já começamos a imaginar o que está por vir? Como imaginá-lo colaborativamente?

Existe um tempo verbal na língua portuguesa, o pretérito mais-que-perfeito, que captura bem o lugar de enunciação que consiste com essa trajetória histórico-global. Esse tempo se refere a uma ação ocorrida no passado distante, antes de outra que também ocorreu no passado, ou seja, o mais-que-perfeito refere-se a qualquer coisa que tenha ocorrido antes de outra coisa que aconteceu depois, que então precede algo que acontece posteriormente, e assim por diante. Ele descreve adequadamente um modo de pensar (sentir + imaginar + apreender) que não assume a eficácia e permanência (no tempo), ou seja, um modo de pensar e saber que não repousa num sujeito ou uma causa eficiente que permanecerá o mesmo no início e no fim da ação ou experiência. Pensada como espaço de hipótese, esta edição especial deseja refletir sobre a arte e o pensamento negros e suas contribuições para a criação de ferramentas e práticas intelectuais para combater a atual virada autoritária na dimensão do pensamento. Ao colocar a imaginação em primeiro plano em vez da compreensão — a última sendo o local habitual das considerações sobre a subjugação negra e intervenções políticas — esperamos que esta edição especial crie oportunidades para explorar questões que reconsiderem a relação entre crítica, criatividade e sensibilidade.

Tempos & Sensos de Futuro Anti-colonial para as Américas

Chamada de artigos: The Living Commons Collective Magazine, N.5

Ao observamos as condições sociais ou ambientais a partir de diversas perspectivas, o mundo que conhecemos nos últimos cinco séculos está chegando ao fim. Esperneando e gritando, tentando se agarrar às suas estruturas (a saber, violência capital, colonial e racial) à medida que morre. Para as populações indígenas e negras das Américas, muitos mundos foram terminados e, diante da violência total constante, elas articularam (e continuam a articular) práticas de autodefesa e autodeterminação coletiva. Há um tempo verbal na língua portuguesa, o pretérito mais que perfeito, que captura o lugar de enunciação que se encaixa com tal trajetória histórico-global. Este tempo verbal se refere a uma ação que aconteceu no passado distante antes de outra que também aconteceu no passado, ou seja, o mais-que-perfeito se refere a tudo e qualquer coisa que precedeu tudo e qualquer coisa que aconteceu depois que então precede algo que acontece depois, e assim por diante. Desta maneira, serve para descrever apropriadamente um modo de pensar (de sentir + imaginar + agarrar) que não assume eficácia e permanência (no tempo), ou seja, um pensamento e conhecimento que não repousa em algo como um sujeito ou uma causa eficiente que permanecerá o mesmo no início e no fim da ação ou experiência. Ao colocar em primeiro plano a imaginação em vez do entendimento, que é o local usual de considerações de subjugação e intervenções políticas de populações marginalizadas, esta edição especial deseja criar oportunidades para explorar questões que reconsideram a relação entre crítica, criatividade e sensibilidade. Questões que desafiam a presunção de desinteresse quando se trata de considerações sobre a estética. Em vez disso, ao reconhecer sua centralidade na constituição do sujeito político liberal no século XIX, eles também sinalizam que a imaginação — considerada aqui em termos da capacidade de criar — deve ser tanto objeto de engajamento crítico quanto força de sustentação a ser mobilizada em qualquer projeto para um outro mundo melhor, ou seja, um mundo justo.

Algumas possíveis questões para orientar nossos colaboradores são: e se o que está por vir, o que vem a seguir, não for um ponto na linha reta definitiva do tempo? E se o futuro for apenas composto por possibilidades indefinidas, incontáveis e sem nome, indescritíveis e mensuráveis de práticas diárias geradoras de vida? E se levássemos a sério a possibilidade de que este mundo, como o conhecemos, pode (estar chegando) ao fim? E se considerássemos que, apesar do fato disso poder resultar das devastações ecológicas e sociais, o “fim do mundo” também pode ocorrer através de propostas e programas radicais para outro mundo, um mundo melhor, seja lá como for? Tememos a perda deste mundo. Porém, já começamos a imaginar o que está por vir? Como imaginá-lo colaborativamente?